Quando os computadores se popularizaram no Brasil, os contadores, até então conhecidos como “guarda livros”, perderam espaço?
Não, somente se adequaram à nova realidade.
A invenção dos sistemas integrados, denominados de “ERPs” só vieram a ajudar os contadores, fazendo com que tenham mais tempo de análise e menos operacional.
Daqui em diante, o que vai fazer com que os contadores sobrevivam à alta
tecnologia?
Abaixo, destaco cinco razões que podem trazer motivação para quem quer estudar contabilidade pensando no futuro:
Abaixo, destaco cinco razões que podem trazer motivação para quem quer estudar contabilidade pensando no futuro:
1 - A contabilidade também é estratégica. Muitos dos estudiosos que citam a
profissão de contador como em “extinção” conhecem superficialmente essa
profissão. O contador tem funções estratégicas em uma entidade. A informação
oficial dos números financeiros é dessa área. E mesmo se um robô fizer todo o
fechamento contábil, alguém terá que analisar, conferir e garantir que tudo
está funcionando. Outro exemplo que é bom citar é em relação ao mercado de
fusões e aquisições. Isso nunca vai acabar. E, muitos não sabem, mas o
contador, nessas situações, é um dos principais atores, principalmente
atendendo auditorias e etapas de due diligence.
2 - Quem irá programar os robôs? A preparação do ambiente de TI necessita de
bons programadores. Mas esses programadores têm conhecimento de contabilidade
suficientemente? Entendo que não. Precisam de algum profissional técnico que
conheça profundamente de contabilidade - e esse é o contador.
3 - Ambiente tributário dinâmico e complexo. O contador é um dos profissionais
que mais entende de tributos em uma empresa. Ele é quem apura os impostos e
entrega as obrigações acessórias. Entendo que ambos os casos podem ser
automatizados, mas as análises do ambiente tributário complexo que vivemos e
prever seus impactos nas finanças de uma empresa é tarefa do contador - e
dificilmente uma máquina irá fazer sozinha. A robotização irá ajudar, mas está
longe de substituir.
4 - Falta de padronização. A falta de padronização de ambientes financeiros,
contábeis e fiscais nas empresas irá dificultar, e muito, o fim da atuação dos
contadores em uma organização. As interfaces entre sistemas estão longe de
serem perfeitas - e o profissional de contabilidade tem que estar de olho
nisso.
5 - Todo mundo sabe interpretar os dados contábeis? Acionistas, sócios,
diretores e alta administração: todo mundo entende de contabilidade e tributos?
O tempo de dedicação de um executivo do alto escalão é cada vez mais escasso.
Deixar de ter o contador em uma empresa que possa traduzir e facilitar os
entendimentos das variações de resultado ou patrimônio torna-se muito
arriscado.
Esses são somente alguns motivos que me fazem pensar que o contador não será
extinto. Ele deverá, sim, se adaptar a novas tecnologias e à inteligência
artificial. Profissionais que só fazem atividades transacionais e operacionais
deverão ficar preocupados. Mas os contadores que são estratégicos e analistas
terão, sim, mais espaço e poderão cada vez mais atuar como verdadeiros
consultores internos de uma organização. Enquanto houver empresas, entidades ou
organizações, sempre precisaremos de contadores.
Marco Aurélio Pitta — Profissional de contabilidade, coordenador e professor
dos programas de MBA da Universidade Positivo (UP) nas áreas Tributária,
Contábil e de Controladoria.
Fonte: Administradores
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